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Enel, o que pode mudar? Por Luiz Pontes

Luiz Pontes é ex-senador da República. Foto: Divulgação
Luiz Pontes é ex-senador da República. Foto: Divulgação

Nenhum dos 4,5 milhões de cearenses clientes da Enel têm dúvidas de que a concessionária de energia tem acumulado um passivo de críticas justas pela má qualidade do serviço que vem entregando a todos nós. A empresa tem nos causado transtornos e, na qualidade de prestadora de serviço público, tem responsabilidade objetiva por quaisquer prejuízos diretos e indiretos resultantes de problemas na distribuição de energia elétrica. Mas faço uma inflexão no roteiro das críticas para dar ênfase à sinalização do novo diretor-presidente da empresa, José Nunes , de que a Enel pretende inverter essa curva na queda de credibilidade com adoção de medidas para melhorar o planejamento, eliminar as fragilidades no sistema de distribuição e investir cerca de R$ 4,8 bilhão até 2026 na expansão da rede.

Indicado ao posto recente, Nunes tem costurado uma rotina de expectativas e críticas, cobranças por parte dos consumidores, mas também tem demonstrado humildade e transparência no modo que pretende imprimir à sua gestão. Diz, sem rodeios, que não tem dificuldades em pedir desculpas aos cearenses afetados pelo fornecimento de energia elétrica e que vai buscar a excelência na prestação dos serviços.

Tenho o privilégio de conhecer José Nunes desde quando era funcionário da Companhia de Eletricidade do Ceará (Coelce) e sei da sua capacidade, dedicação e reconhecimento que tem entre os que atuam no setor elétrico. Por isso, acredito que o ponto de inflexão nas aguardadas mudanças está ligado à autonomia que ele terá no comando da Enel no Ceará. Se não faltarão investimentos, como tem sido dito, está claro que os problemas da Enel decorrem da falta de planejamento e do modelo verticalizado adotado pela matriz da empresa.

Na qualidade de cearense, empresário e empreendedor, torço para que a Enel invista na melhoria das redes de distribuição e na capacitação de seus profissionais. Parlamentares que atuam na CPI da Enel na Assembleia Legislativa cogitam incluir no relatório final o encerramento do contrato de concessão com a empresa. Seria uma decisão possível, mas cheia de contratempos para todos, mas entendo que o contrato, datado de 1998, está desatualizado e não tem capacidade para prever e lidar com situações atuais. Mais admissível seria mudar a lei quando for renovar a concessão, rever o equilíbrio econômico-financeiro do contrato e prestar mais atenção na qualidade do serviço.

O debate proposto pela CPI é saudável. A tarefa do poder público é fiscalizar e tomar providências aos primeiros sinais de deterioração da qualidade dos serviços prestados por empresas concessionárias como a Enel. As agências de fiscalização têm negligenciado nesse aspecto e, por consequência, o próprio Ministério das Minas e Energia, que precisa endurecer as novas regras de renovação das concessões.

O contribuinte que paga a conta precisa ter garantia de entrega. A nossa qualidade de vida depende disso e a economia também. Quanto à Enel Ceará, ela deve ser fiscalizada, cobrada e punida na medida da gravidade de suas falhas, mas devemos dar o voto de confiança ao novo diretor-presidente para que receba todas as condições necessárias para mudar as operações da empresa aqui no Ceará. Há tempo de corrigir rumos e ajustar as expectativas.

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