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Conheça a trajetória do empresário e acionista Abilio Diniz

Foto: Reprodução

Por Lorena Macedo

O empresário Abilio Diniz, falecido neste domingo, 18, aos 87 anos, era dono de uma fortuna de US$ 2,4 bilhões e fundador de uma das maiores redes varejistas do Brasil, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3).

Estudou nas melhores escolas de São Paulo, passando pelos colégios Anglo-Latino e Mackenzie, antes de formar-se em administração na Fundação Getúlio Vargas. Especializou-se em Marketing pela Universidade de Ohio, e em Economia, na Universidade de Columbia, ambas nos Estados Unidos.

O GPA iniciou sua trajetória em 1948, quando seu pai, Valentim dos Santos Diniz, recém-chegado ao Brasil de Portugal, inaugura a primeira Doceira Pão de Açúcar, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, 3.138, em São Paulo. A loja era inspirada no principal marco da cidade do Rio de Janeiro. Em 1959, a família Diniz abriu a primeira loja de supermercado da empresa ao lado da doceira.

Na década de 1980, a rede já tinha 150 lojas, 15 mil empregados e uma filial em Madri. De essência familiar, os irmãos Alcides e Arnaldo exerciam funções diretivas na empresa. No entanto, por ser o grande líder, Abilio Diniz detinha a maior parte da companhia, o que gerou atrito entre a família.

Com isso, a empresa acumulou dívidas com fornecedores e se encaminhava para uma inevitável falência. Ao pedido do pai, Valentim Diniz, Abilio assumiu o Pão de Açúcar buscando reconstruir o império. Sem conseguir empréstimos ou mesmo vender a empresa, ele buscou reduzir a operação vendendo a sede chamada Palácio de Cristal e voltando ao prédio da Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo, simbolizando o renascimento do Pão de Açúcar.

Em 1981, o empresário fundou a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), criada a partir da fusão de diversas empresas de varejo, onde nasceu o lema “corte, concentre e simplifique”, em que grupo vende tudo o que não se relaciona ao varejo. Dez anos depois, CBD torna-se a segunda rede do Brasil e fecha o ano com 262 lojas.

A medida foi um sucesso e a rede Pão de Açúcar voltou a registrar lucros. Além disso, problemas familiares também foram finalizados logo depois, com Abilio possuindo a parte majoritária das participações. Os pais ficaram com 36,5% e a única irmã que ficou com alguma participação foi Lucília, com 12%. Arnaldo, Alcides, Sonia e Vera venderam suas partes.

Em 1995, o grupo abriu capital em São Paulo, levantando US$ 112 milhões de dólares. Dois anos depois, realizou seu IPO em Nova Iorque, arrecadando mais de US$ 172 milhões. Com o crescimento nacional, os investimentos viraram novas aquisições e dominou o varejo brasileiro. O Grupo comprou redes como Mambo e Barateiro, e focou em trazer grandes redes internacionais.

Abilio Diniz negociou com nomes como Carrefour, Walmart e Casino, fechando acordo de US$ 854 milhões com o último, por quase um quarto do Pão de Açúcar. Em 2003, iniciou seu plano de sucessão. Porém, os quatro filhos de Abilio ficaram distantes de cargos diretivos. Ana Maria e João Paulo ainda trabalhavam na empresa, mas logo buscaram alçar seus próprios voos. Pedro Paulo, piloto de Fórmula 1, e Adriana, nunca se envolveram no GPA (PCAR3).

Abilio Diniz e o Grupo Casino

Em 1999, O grupo francês de varejo Casino torna-se sócio minoritário do grupo Pão de Açúcar, com 25% do total das ações. No ano seguinte, 2000, o Pão de Açúcar ultrapassa a cadeia francesa Carrefour e assume a liderança do mercado no Brasil, com faturamento de R$ 9 bilhões

Com o sucesso da aquisição, o Casino criou, em 2005, a holding Vieri Participações e amplia sua participação. O capital da nova holding é dividido entre Abilio e o grupo francês

Concorrência

Em 2007, o Carrefour compra a rede Atacadão, por R$ 2,2 bilhões. A medida fez com que o Pão de Açúcar perdesse a liderança no segmento brasileiro. Abilio convida o consultor Claudio Galeazzi para o cargo de presidente e se manteve como conselheiro até 2013, após 54 anos à frente do grupo e após uma disputa com o grupo Casino.

O acordo fechado com o grupo francês previa a aquisição do controle até junho de 2012. Abilio tentou rever os termos do contrato em 2011, mas não teve sucesso. Para não perder o controle do GPA, Abilio tentar unir as operações do Pão de Açúcar e do Carrefour no Brasil.

Em 2013, Abilio transferiu o controle do Pão de Açúcar para o grupo francês, assinou o acordo e acabou saindo de vez do comando do GPA. Nesse meio tempo, Abilio Diniz comprou o atacarejo Assaí pelo GPA (PCAR3), além de criar a Via Varejo, depois de adquirir Ponto Frio e Casas Bahia. Em 2019, o grupo GPA (PCAR3) vendeu as ações na Via Varejo para a família Klein.

Abilio Diniz e a BRF

Após a saída da GPA, Abílio se tornou presidente do conselho de administração da BRF e comprou R$ 2 bilhões em ações da empresa e reestruturou parte da organização, vendendo as divisões de carne bovina e laticínios. Sua gestão foi marcada por muitos cortes e demissões, e se encerrou em 2018, em meio à turbulência gerada pela Operação Carne Fraca, que investigava a adulteração das carnes vendidas no Brasil pela JBS e pela própria BRF.

Penísula

Após a saída do grupo Pão de Açúcar (PCAR3), Abilio fundou gestora Penísula, em que comprou ações do Carrefour, até se tornar o segundo o maior acionista da empresa. Cerca de 8,4% do capital do grupo francês era de Abilio, além 3,73% do capital votante — à sua frente, somente a família Moulin.

Abilio também investiu em startups e empresas com foco em inovação, como o e-commerce de vinhos, Wine, e a empresa que faz testes rápidos em farmácias, inclusive de Covid-19, a Hilab.

Qual a fortuna de Abilio Diniz?

De acordo com o ranking em tempo real da Forbes, Abilio era 31º brasileiro mais rico do mundo, com patrimônio estimado em US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões, na cotação atual).

Qual a relação do empresário Abilio Diniz com a política e a economia cearense?

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