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São muitas ilusões. Por F J Caminha

Francisco Caminha é escritor, advogado, especialista em Ciência Política e servidor público.

Exatamente há 48 anos atrás, em 1976, eu era adolescente quando vi o anúncio na imprensa da descoberta de uma enorme jazida de Urânio na serra de Itataia, no município de Santa Quitéria. A propaganda de época foi como se a exploração do minério viesse a ser a redenção econômica do Ceará pela quantidade de empregos e de arrecadação de impostos. Foi nesse ano que o Brasil começava construção da usina nuclear de Angra 2 e como sabemos a fissão do Urânio enriquecido é a material para geração dessa energia.

Após quase meio século da descoberta de Itataia nada foi explorado e nem mesmo saiu a licença do IBAMA para funcionar uma “usina”. Ficou em mim só a lembrança romântica que a usina de Angra utilizaria o Urânio do Ceará.

Décadas depois veio a Petrobrás anunciando a construção de uma refinaria de petróleo no Pecém. Falava-se na geração de 55.000 empregos e que quase ia dobrar o PIB do Ceará , quando ela estivesse em operação. O governo do estado se animou, doou o terreno, investiu muito recursos do povo na construção de estradas e do restante da infraestrutura para nada de concreto. Simplesmente a Petrobrás nos enganou.

Depois veio o anúncio da construção do Oceanário, ou no popular, o Aquário. Dizia-se que ia atrair dezenas de milhares de turistas e esse fato iria consolidar Fortaleza como a capital do turismo nacional pelo alto poder de atração do equipamento. Eu, como amante do mar, tratei de visitar logo o Oceanário de Lisboa e de Barcelona. Milhões foram gastos e o que restou foi um esqueleto de concreto que vai ser aproveitado de outra forma.

Agora chegou a vez de uma nova ilusão que é a estória do hidrogênio verde. Mais uma vez estão vendendo esse projeto como se fosse a redenção para o Ceará. Mas na verdade o que é?
É simplesmente a produção de energia por eletrólise da água. Lembram daquela velha experiência que a gente fazia nas feiras de ciências do colégio, onde passava-se uma corrente elétrica na pipeta com água para liberar o hidrogênio que é combustível. E por que verde ? Porque a energia para realizar a divisão da molécula da água viria pela produção de energia limpa, ou seja, solar ou eólica.

Essa foi a última ilusão que tenho notícia. Qual será a próxima?

Por fim, parafraseando de forma diferente um verso do Cazuza, eu digo:

Ilusão, preciso de uma para viver.

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