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Assim, mesmo com perdas que superavam 1,5% à tarde em Nova York (Nasdaq), o Ibovespa fechou o dia em alta de 1,91%, aos 114 070,48 pontos, com máxima a 114.392,42 pontos, maior nível intradia desde 20 de abril, quando saiu de abertura a 115.056,66 naquela sessão. Nesta quinta, iniciou a 111.941,66 e chegou na mínima a 111.818,53 pontos. Na semana, o índice da B3 sobe 4,38%, colocando o ganho do mês a 4,15% e o do ano a 8,82%. O giro desta quinta-feira foi a R$ 33,6 bilhões. O nível de fechamento do Ibovespa na sessão também foi o melhor desde 20 de abril, a 114.343,78 naquele encerramento.
Em dia de forte pressão sobre o índice DXY, que contrapõe o dólar a referências como euro, iene e libra, em viés de alta e perto dos 112 pontos na máxima da sessão, a moeda americana cedeu 1,13% ante a brasileira, cotada a R$ 5,1143 no fechamento, o que contribuiu para dar sustentação ao Ibovespa na contracorrente da cautela externa. Lá fora, a pressão sobre os rendimentos dos Treasuries no pós-Fed manteve as bolsas de Nova York na defensiva, embora com perdas moderadas no fim da tarde no blue chip Dow Jones (-0,35%), mas ainda relevantes no Nasdaq (-1,37%).
Na B3, em dia de desempenho favorável de commodities como petróleo e minério, os ganhos se espalharam por ações e setores mais líquidos, como Vale (ON +2,29%), Petrobras (ON +2,05%, PN +2,47%) e bancos (Bradesco PN +2,30%). Entre as siderúrgicas, a alta chegou a 3,67% (CSN ON) na sessão. Destaque também para ações com exposição à economia doméstica, como Cogna (+8,76%), na ponta do Ibovespa, à frente de Yduqs (+5,80%), SLC Agrícola (+5,72%) e Soma (+5,06%). No lado oposto, IRB (-5,79%), Magazine Luiza (-3,16%), CVC (-2,79%) e Méliuz (-1,61%). O índice de consumo (ICON) fechou em alta de 1,63% e o de materiais básicos (IMAT), de 2,06%.
“A manutenção da Selic era amplamente esperada pelo mercado. Nosso BC saiu na frente a assim permanece quando comparado aos do resto do mundo no ataque ao problema da inflação, que é global. E pela própria experiência que tem nisso (inflação), tem liderado”, observa Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos, acrescentando que a ata da reunião do Copom ainda será importante para a compreensão dos próximos passos da autoridade monetária, mesmo com a indicação de que o ciclo de aperto chegou ao fim.
“O Banco Central deixou claro que o ciclo de aperto monetário terminou mas que deve continuar monitorando os indicadores de inflação e agirá prontamente, se necessário, para ajustar a inflação para a meta. Ou seja, o tom foi ainda duro, hawkish. Como as projeções de inflação para 2023 e 2024 ainda estão acima da meta, é provável que a Selic permaneça nesse nível por um período prolongado”, aponta Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.
“O comunicado do Copom trouxe mensagem bem mais clara de que a Selic permanecerá nesse patamar elevado por período mais longo. Tinha uma parte do mercado que já esperava por isso, mas não tão unânime quanto a expectativa pela manutenção da Selic a 13,75%. Achamos que o patamar de dois dígitos deve permanecer pelo menos até o final de 2023, no nosso cenário-base”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group.
Entre a noite de quarta e a manhã desta quinta-feira, a BGC Liquidez realizou pesquisa com 128 players institucionais sobre as percepções pós-Copom, inclusive sobre a decisão não unânime pela manutenção da Selic a 13,75%, por sete votos a dois. Quanto questionados se a falta de consenso seria um sinal ‘hawkish’, metade dos que responderam não considerou como tal. A mediana para a Selic no fim de 2023 ficou em 11,25%, aponta o levantamento.
Entre traders/gestores, o comunicado da noite de quarta foi percebido por 56% deles como “neutro” e por 30% como mais “hawkish” do que o esperado, enquanto os economistas ouvidos na pesquisa mostraram “call bem mais dividido” após o comunicado. Antes da decisão, 82% dos economistas ouvidos esperavam comunicado “hawkish”, fatia que caía para 62% entre os traders.