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No Focus Colloquium, Tasso afirma que Bolsonaro tem “raciocínio primário” e Guedes peca pela verborragia

Senador Tasso Jereissati. Foto: Divulgação

Equipe Focus.Jor
focus@focus.jor.br

O Governo Bolsonaro tem criado uma série de problemas nos campos político, econômico e administrativo. O choque com os governadores também é uma constante diante da crise causada pela pandemia da COVID-19 que avança no País. Em termos de imagem internacional, trata-se do seu “pior momento desde a ditadura militar”. A análise é do senador Tasso Jereissati, entrevistado do Focus Colloquium desta terça-feira, 19.

O senador também afirmou que os governadores assumiram o protagonismo no combate ao novo coronavírus – vácuo deixado pelo presidente Jair Bolsonaro. Também fez elogios ao titular da Secretaria de Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, a quem chamou de “secretário de primeiríssima categoria”. Abaixo, alguns trechos da entrevista.

Governadores (6:29)
“Os governadores estão assumindo o comando, com muita dificuldade.É difícil você estar assumindo um comando e uma liderança de um problema como esse em que o presidente da República fica dando sinais contrários na direção que você está indo. Não é a mais simpática”.

Críticas a Bolsonaro (13:47)
“O Bolsonaro (problema) não é apenas a questão de ser estatista. Ele tem uma personalidade instável e difícil. Evidentemente que não gosta que alguém brilhe mais do que ele, ou chegue perto dele. É o caso do Mandetta (ex-ministro da Saúde). Quando ele começou a ir à televisão dar conselhos à população, como devia se comportar, dar um rumo, perspectivas, começou a ver uma audiência ao redor daquele “Momento Mandetta” e que estava tornando uma liderança muito clara. Isso foi o bastante”, destacou.

“O Moro, desde o primeiro momento, o incomodava. Fora a questão da PF no Rio de Janeiro, evidentemente o Moro o incomodava. Ele não aceita, ele tem uma insegurança. Você observa a quantidade de vezes que ele repete: ‘quem manda sou eu. Eu que mando’. A meu ver, fora isso, eu não acho ele mal intencionado. É até uma palavra dura de dizer: mas ele é muito primário no raciocínio. Ele não consegue ter um raciocínio um pouco elaborado.

Juntando todas essas coisas, você pode esperar tudo dele. Absolutamente tudo dele. Aí eu já nem sei o que ele é mais. No fundo, ele queria ter uma Petrobras que ele manda, uma Vale do Rio Doce que ele manda,  companhias de eletricidade.  Não sem nem se tem uma filosofia conservadora ou se é o comportamento dele”.

Elevados custos do Parlamento brasileiro e o sistema de votação remota (17:55)
“Existem vários projetos no Senado encaminhados. Esses projetos dificilmente vão ser votados. Não há clima, disposição e vontade política para fazer isso. Quanto às sessões virtuais, eu não acredito que isso vá se tornar uma rotina daqui para frente. Está funcionando relativamente bem, mas eu coloco relativamente com muita ênfase.

Alguém tem um projeto, um relator lê, os partidos encaminham, e os senadores tem alguns minutos para se posicionar sobre o projeto. Então, não existe o debate. Na verdade, o debate é o no plenário. Vai se tentando fazer a opinião do plenário em cima do debate.

Esse sistema é muito frio, aparentemente é muito correto, mas tem temas que não se pode falar em três minutos. Por outro lado, certas questões importantes a gente vive fora do plenários, como acordos, discussões, ideias e comissões. Eu coloco, portanto, que o plenário ainda é fundamental”.

Acerto do Ceará no combate à COVID-19 (23:10)
“Eu acho que sim (acertando na luta contra o coronavírus). Temos um secretário de Saúde de primeiríssima categoria, não só no aspecto técnico, mas também ético. Eu não sei dizer, vai ser uma coisa que teremos de fazer um estudo, por que o Ceará foi tão atingido tão fortemente (pelo coronavírus). A explicação que tem vindo à tona é essa de ser um hub internacional. A gente vai ter que estudar essa razão”.

Desempenho do ministro Paulo Guedes (27:14)
“Acho que ele poderia ser melhor. Primeiro, governar tendo o Bolsonaro como presidente não é fácil. Ele não tinha, e eu já esperava isso dele, nenhuma experiência de vida pública, nem era um especialista em contas públicas. Você pode ser um ótimo economista e não entender nada de contas públicas. Ele entendia pouco.

Talvez quem entenda mais de contas públicas no Brasil seja o Mansueto, e é um pilar que ele (Guedes) se apoiou. O Mansueto também teve muitas dificuldades em mostrar como as coisas aconteciam e trabalhavam. Acho que o Mansueto sofreu muito. Depois devemos trazer ele aqui e darmos uma medalha pra ele.

Guedes deu muita mancada. Dizendo que ia terminar (zerar) o déficit público em um ano. É outro problema ligado a ele: ele fala demais. Ele não conhecia a vida pública. Veja, ele vem do mercado financeiro. E o mercado financeiro é muito rápido. É mais rápido do que até uma empresa.

O mercado financeiro é rápido. Compra hoje, vende amanhã.  O ministro chegou com essa sensação de que mandava fazer e acontecia. Tinha uma reunião e não acontecia nada. Algumas medidas que ele anunciou aos estados, não conseguiu movimentar ainda.

Outro problema que ele é verborrágico. Fala, fala, fala e fala bobagem. Ele mesmo reconhece. Quando esteve aqui no Ceará,  ele fez uma referência ao presidente francês ( caso envolvendo a esposa do presidente Emmanuel Macron), e deu um problema quase diplomático. Então, ele quebrou a cara. Mas pelo menos, o Brasil estava com rumo. Aos trancos e barrancos, com todos os problemas e mancadas que ele deu”.

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