O que é um IPO. Por Rafael Regueira Gama

Rafael Regueira Gama é assessor de Investimentos da Conceito Investimentos e engenheiro de produção, formado pela Unifor.

Imaginemos a seguinte hipotética situação: a família Dias Branco, atual controladora do grupo M Dias Branco, lhe faz a seguinte proposta: Vender parte de sua posição acionária no grupo, possuindo os seus mesmos direitos de voto nas tomadas de decisão do conselho administrativo, e com direito a receber a mesma quantidade de repartição dos lucros da empresa por ação possuída. Ainda por cima, lhe oferece liquidez, ou seja, no momento que você precisar resgatar o capital, faz-se uma avaliação de quanto sua participação na empresa está valendo e lhe paga com dois dias úteis o valor referente.

Para todos os cearenses que cresceram se alimentando com os produtos da empresa e acompanharam o crescimento do grupo no decorrer das décadas, parece uma proposta no mínimo interessante, não?

Durante um processo de IPO, da sigla em inglês Initial Public Offer, é exatamente quando o controlador da empresa abre capital e permite que investidores em geral tenham acesso, tanto ao crescimento da empresa, que é traduzido pela valorização das ações, como também aos dividendos pagos aos acionistas.

No caso da M Dias Branco, conhecida no mercado pelo seu Ticker MDIA3, a valorização de suas ações superou os 400% desde sua primeira oferta primária, além de um retorno de aproximadamente 140% via recebimento de dividendos e juros sobre o capital próprio (levando em consideração um acionista que comprou a ação desde seu IPO).

Mas, afinal, como uma empresa se beneficia com um IPO? Com a emissão de ações no mercado de capitais, a empresa consegue captar recursos seja para investimentos em expansão, fusões e aquisições, ou até para equilibrar o capital social da empresa.

Além da captação inicial via emissão de ações, as empresas de capital aberto tendem a ter uma maior transparência e veracidade na divulgação e reporte de resultados, barateando assim, posteriormente, a captação de recursos via emissão de títulos de dívida, como a emissão de debentures, por exemplo.

O grupo Hapvida, ultima empresa cearense a realizar IPO, levantou cerca de 2.6 bilhões de reais com sua oferta primária. Posteriormente, captou 2 bilhões em debentures, capital esse utilizado na intensificação de seu processo de verticalização, aquisições de diversos hospitais e concorrentes do setor, aumentando sua penetração no sul e sudeste do país.

O novo IPO que vem movimentando o mercado nos últimos dias, é o da gigante farmacêutica Pague Menos. O grupo, que hoje é a terceira maior rede de farmácias do Brasil, está fazendo uma emissão 100% primária (na qual a totalidade dos recursos é destinado a empresa, e não aos controladores), de cerca de 1 bilhão de reais.

No seu prospecto, a empresa detalha que 63.4% deste valor será destinado para a expansão da rede de lojas, 19,7% para redução da alavancagem, 8,5% para modernização das lojas e centros de distribuição e os 8,5% restante serão para investimentos em tecnologia e na Clinic Farma, novo projeto do grupo já presente em 798 de suas unidades.

Os que se interessarem em se tornarem sócios do grupo cearense farmacêutico, tem até o dia 27 de agosto para fazerem reserva do IPO, de no mínimo de R$ 3 mil, na qual as ações devem começar a ser negociadas entre a faixa de 10,22 a 12,54 reais. Caso prefira, o investidor pode esperar até o dia 02 de setembro, primeiro dia de negociação das ações no mercado.

Disclaimer: O texto não configura recomendação de compra ou de venda de nenhum ativo.

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