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O Ceará vem sendo alvo de uma atenção especial por quem comanda a B3, diz Geraldo Luciano

Geraldo Luciano. Foto: Divulgação

Equipe Focus
focus@focus.jor.br

Em uma semana marcada pela estreia da cearense Brisanet na B3, tornando-se a quinta empresa genuinamente cearense a ingressar no mercado de capitais, o executivo e consultor Geraldo Luciano, que participou direta ou indiretamente de todos esses processos de abertura, fala sobre os fatores que levaram o Ceará a se destacar em um segmento que reúne as principais companhias do País e diz que a tendência é que outras empresas busquem esse caminho.

Em entrevista ao jornalista Fábio Campos, no Focus Colloquium desta sexta-feira, 30, Geraldo Luciano aponta ainda pelo menos oito empresas cearenses que já reúnem os requisitos para abrir capital, seguindo o caminho iniciado pela M. Dias Branco, em 2006, e seguido por Hapvida, Arco Educação, Pague Menos e Brisanet.

De 1995 a 2019, Geraldo Luciano fez parte do Grupo M. Dias Branco, participando ativamente do processo de IPO, junto com Ivens Dias Branco, então presidente da empresa. A partir daí, o sucesso da operação acabou fazendo da M. Dias Branco uma referência para outras empresas fundadas por famílias cearenses.

Na M. Dias Branco, o executivo chegou à vice-presidência de Investimentos e Controladoria e à Diretoria de Relações com Investidores S/A. Hoje, Geraldo Luciano é responsável pela Unique Consultoria Empresarial e integra o Conselho Consultivo da Usibras, o Conselho de Administração da Cerâmica Portobello, do Assaí Atacadista e do Hapvida, o maior plano de saúde do Brasil.

Ceará se destaca na bolsa
Este é um momento importante das empresas do Ceará e é importante que se conheça esse potencial. Nesta semana tivemos a chegada de mais uma, a Brisanet, que fez sua estreia na B3 tendo uma boa receptividade, uma boa aceitação, caracterizando o excelente momento das empresas cearenses. Isso foi destacado ontem (29) na solenidade do IPO. Informalmente, dirigentes da B3 falaram que o Ceará vem sendo um destaque, alvo de uma atenção toda especial por quem comanda a bolsa.

Cultura de mercado de capitais no Ceará
São vários fatores para esse sucesso. A cultura de mercado de capitais sempre foi muito difundida no Ceará. E ninguém pode deixar de citar o Raimundo Padilha, que fundou a bolsa regional no Ceará. As pessoas que saíram dali também contribuíram para o momento que a gente vive hoje. Nós não podemos, num momento como esse, deixar de citar isso. Alí, a cultura de mercado estava sendo disseminada.

O início da trajetória das empresas cearenses na bolsa
A gente viveu, nesses últimos 15 anos, um momento muito especial do mercado de capitais no Brasil. E é muito importante que as pessoas conheçam o que é o Novo Mercado (segmento que privilegia empresas que voluntariamente se comprometem a adotar boas práticas de governança corporativa). Já que a gente não conseguia mudar a lei, a gente criou o Novo Mercado, onde quem priorizasse o acionista minoritário, seria beneficiado no acesso a esse capital.

A M. Dias Branco entrou no Novo Mercado e sempre foi uma referência para outras empresas cearenses. O sr. Ivens, como uma pessoa de sucesso, como ele sempre foi, o que ele fazia sempre era muito acompanhado por todo mundo. As pessoas viram que buscar o mercado de capitais era algo interessante, que era um exemplo bom a ser seguido. Então, a M. Dias Branco foi a pioneira, com uma história muito bonita no mercado, com boa aceitação.

Hapvida
Em 2016, eu fiquei muito próximo do grupo Hapvida. Eles me chamaram para conversar informalmente. Queriam conhecer a experiência da M. Dias Branco no mercado de capitais. E, quando eu entendi melhor esse modelo verticalizado de prestação de serviços médicos, eu disse: ‘acho que vocês vão ter uma aceitação muito boa’.

O setor da hapvida gera um interesse muito grande no mercado por dois fatores. Primeiro, a gente está vivendo muito mais. E o segundo é que está claro que o estado não tem mais condições de suprir essa necessidade. Então, é um setor com um potencial de crescimento muito grande, já que apenas 25% dos brasileiros têm plano de saúde. Isso explica muito o sucesso da Hapvida no mercado de capitais. Era a hora certa no lugar certo. Hoje, a Hapvida tem 35 mil acionistas pessoa física. Em um mercado de investidores que está crescendo muito no Brasil, e mais ainda no Ceará, proporcionalmente.

Arco Educação
Diferente das outras empresas cearenses, a opção deles foi fazer a abertura no exterior (na bolsa de tecnologia americana Nasdaq). Isso se explica por dois fatores específicos: O primeiro é que esse negócio da Arco Educação é um sistema complexo de gestão da educação, onde um subproduto é a venda do material didático. Isso não tinha na bolsa brasileira. Não havia nenhuma empresa que fosse comparável.

Outro detalhe que provavelmente influenciou, é que uma das características do Novo Mercado é que cada ação dá direito a 1 voto. Nos EUA, que já tem um mercado muito mais maduro, há o voto de qualidade. O voto do fundador tem um peso maior. Isso pode ter influenciado. Mas essa também é outra história de sucesso.

Pague Menos
A opção do Deusmar Queirós, que também se mostrou acertada, foi que lá atrás, há quatro ou cinco anos, a opção dele foi trazer um fundo de investimento para a empresa, o General Atlantic, o mesmo que era sócio da Arco. O fundo fez um aporte financeiro que viabilizou o crescimento da empresa e no ano passado fez a abertura de capital. No caso da Brisanet, a opção foi fazer o IPO direto, como foi o caso da M. Dias Branco e da Hapvida.

Nova onda de IPOs
Hoje, temos uma taxa de juros real muito baixa. Isso facilita bastante você ter um crescimento no mercado de capitais. E a quantidade de pessoas que passaram a investir no mercado de capitais também cresceu muito em consequência dessa taxa de juros. Então, hoje temos mais empresas se preparando para abrir. Temos histórias de sucesso, empresas que têm atuado com transparência, que têm bons resultados e representantes da B3 têm uma visão muito positiva desse momento pelo qual o Ceará está passando.

Requisitos para fazer um IPO
Uma empresa para abrir o capital tem que ter, primeiro, uma boa estratégia, um plano de negócios. Você tem que ter um misto de rentabilidade, crescimento, governança, transparência e comunicação, mas dando um peso muito grande à comunicação Quando você compra a ação de uma empresa, você está depositando confiança nas mãos daqueles pessoas que estão lá.

Por que o negócio Brisanet foi tão valorizado na sua abertura? exatamente porque ele apresenta uma taxa de crescimento muito elevada e um potencial de crescimento muito forte. Quando você tem rentabilidade e crescimento, esse é o melhor dos mundos. Além disso, você tem que ter compromisso com a governança, com a boa gestão. Por isso, uma empresa que vai a mercado tem que estruturar conselhos.

Empresas cearenses aptas a abrir capital
Considerando esses requisitos, o Ceará tem muitas empresas com potencial para fazer abertura de capital. Apenas para citar alguns exemplos: O Grupo Marquise tem negócios que se prestam a abrir capital, como no segmento de gestão ambiental; a Aço Cearense é uma empresa boa, que tem crescido, com uma boa rentabilidade; o Grupo 3 Corações, que é outro líder nacional do seu segmento; alguns negócios do Grupo Edson Queiroz; a Usibras, maior produtor de castanha do Brasil e segundo do mundo; a GPS, do setor de serviços; a Betânia; a Itaueira. Esses são apenas alguns exemplos. Há outras empresas no Estado que podem fazer IPO.

Assista o Focus Colloquium na íntegra:

 

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