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Morreu Maria Preá. Por F J Caminha

Francisco Caminha é escritor, advogado, especialista em Ciência Política e servidor público.

Quando o sacristão daquela pequena cidade do Nordeste entrou inesperadamente nos aposentos do vigário, surpreendeu-se ao vê-lo copulando com a bela beata apelidada de Maria Preá. O fato é que desse dia em diante, ele passou a chantagear o vigário, conseguindo dele tudo o que desejava. Assim, o padre virou refém do auxiliar para que ele não contasse na cidade o seu caso amoroso. Às vezes, bastava sussurrar, “olha a Maria Preá!”, para que o religioso se rendesse às suas exigências.

Até que certo dia o vigário voltou mais cedo de uma missão e pegou em flagrante o seu sacristão servindo-se passivamente de mulher para um garoto das redondezas. Logo que os dois se ajeitaram da cena sexual, o sacristão envergonhado disse em voz aflita:

– Seu vigário, pelo amor de Deus, não conte nada para ninguém. O senhor não viu nada. E olhe, de hoje em diante, morreu a Maria Preá!

No caso acima, ambos guardarão o segredo do outro para preservar as suas reputações protegidas pelo vínculo da cumplicidade. Talvez as relações humanas mais duradouras são aquelas fundamentadas no medo e no ódio. Afinal, é mais fácil ferirmos quem amamos do que aquele que tememos.

Quando queremos dizer que um fato já está consumado e não se fala mais no assunto dizendo aqui no Ceará:

Morreu Maria Preá.

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