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Meio ambiente e esforço diplomático: conheça a 1ª embaixadora do Brasil nos EUA

Foto: MPRS/Divulgação

Primeira mulher indicada para chefiar a embaixada brasileira em Washington, nos EUA, Maria Luiza Viotti já esteve, ao longo de 47 anos de carreira, na posição de pioneira outras vezes. Em uma união entre o perfil tradicional da diplomacia brasileira, que busca transitar entre posições divergentes sem necessariamente escolher um lado, com o estilo mineiro de uma diplomata nascida em Belo Horizonte, Viotti é lembrada por colegas pela habilidade na conciliação, pela discrição e rigoroso conhecimento – características que a levaram a uma trajetória de destaque dentro e fora do Itamaraty.

Viotti, 69 anos, é mestre em Economia pela Universidade de Brasília (UNB). Fez intercâmbio para os Estados Unidos na adolescência, o que influenciou sua opção pela carreira de diplomata. Foi a única mulher de sua turma no Instituto Rio Branco, onde deu início à carreira.

Foi a primeira embaixadora à frente da missão do Brasil junto às Nações Unidas (ONU), em Nova York, onde ficou por quase seis anos, no segundo mandato de Lula e no primeiro de Dilma Rousseff, de 2007 a 2013. Dali, tornou-se a primeira mulher a chefiar a embaixada do Brasil em Berlim, na Alemanha, de 2013 a 2016. Agora, se confirmada pelo Senado, será a primeira a comandar um dos postos de maior importância na diplomacia. No ano passado, também chegou a ser considerada como possível chanceler no atual governo – seria, então, a primeira ministra das Relações Exteriores do Brasil, o que não aconteceu.

O profundo conhecimento sobre o sistema multilateral e sobre a Organização das Nações Unidas a fez ser convidada para assumir a chefia de gabinete do secretário-geral da ONU António Guterres, cargo que exerceu de 2017 a 2021, e explicitou sua influência fora do País. A defesa do multilateralismo e a discussão sobre questões climáticas, temas que o governo Lula coloca como pilares da política externa, receberam especial atenção da embaixadora ao longo da carreira.

“Sempre dizia para ela que ela deveria estar no meu lugar na ONU”, afirma o embaixador Gelson Fonseca Junior, referência no estudo das relações internacionais e diretor do Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD) da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), ligada ao Itamaraty. Ele foi chefe de Viotti em 1999, quando liderou o escritório do Brasil na ONU e a diplomata era ministra-conselheira.

Oito anos depois, ela, de fato, assumiu a posição principal na missão. “Ela tem uma coisa rara, que é uma unanimidade entre os colegas”, afirmou o embaixador. Segundo Gelson Fonseca Junior, ela sabe escutar, compreender e, com isso, dialogar para destravar pontos complicados em negociações multilaterais.

A embaixada na capital americana é o maior posto diplomático do Brasil, em tamanho, e é considerado, ao lado de Buenos Aires, o de maior relevância, pela quantidade de assuntos que passam por ali. Nos últimos três anos, a embaixada brasileira nos EUA foi comandada pelo embaixador Nestor Forster. Ele foi responsável por apresentar Olavo de Carvalho, de quem era amigo pessoal, a Ernesto Araújo e teve sua indicação patrocinada pelo ex-chanceler.

No governo Bolsonaro, Forster adotou uma aproximação com o governo Donald Trump e com lideranças da direita americana. Apesar de Forster também ser um diplomata de carreira, sua gestão ficou marcada pelo viés ideológico compartilhado entre o embaixador e o bolsonarismo.

“Há uma disposição de aproximação com os EUA. Sempre temos problemas com os americanos, sempre foi uma relação boa, mas nunca absolutamente de convergência absoluta. Então, ela tem muito o que fazer lá, tem uma longa pauta de aproximação”, afirmou Gelson Fonseca Junior.

Agência Estado

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