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Exclusivo: Noxis Energy terá sócio israelense na refinaria do Pecém e quer iniciar obras no fim de 2021

CEO da Noxis Energy, Gabriel Debellian. Foto: Divulgação

Átila Varela
atila@focus.jor.br

Exclusivo: Memorando de entendimento assinado, hora de iniciar os estudos para a implantação da refinaria, assim como lidar com trâmites e licenças. Esse será o trabalho da brasileira Noxis Energy nos próximos meses no Ceará.

A companhia será responsável pela planta de refino que irá produzir combustível para embarcações na Zona de Processamento de Exportação (ZPE), no Pecém. Os investimentos giram em R$ 4,2 bilhões.

Formada por ex-funcionários de petroleiras como Shell e Petrobras, a companhia quer engrenar o projeto no Estado. Nesse sentido, vai usar a estratégia do “copia e cola” da unidade que está sendo edificada em Barra dos Coqueiros, município de Sergipe.

Em entrevista exclusiva ao Focus, o CEO da companhia, Gabriel Debellian, detalhou os planos da empresa no Ceará, além das projeções para o futuro.

Focus – Por que o Ceará? 

Gabriel Debellian – Se a gente pudesse ter escolhido o Ceará, teríamos feito essa escolha com antecedência. Na nossa cabeça, os chineses (da Qingdao Xinyutian Chemical) já estavam por aqui. Temos o projeto desde 2018. Pré-selecionamos algumas regiões como Aracruz, no Espírito Santo e Bacabeira, no Maranhão. Conheço bem o Pecém. É a melhor localidade.

Mas aí liguei para o Mário Lima (presidente da ZPE) e perguntei: vocês já instalaram uma refinaria, não é? Ele respondeu: “Não, não tem refinaria”. A partir daí começou todo o processo até a assinatura do memorando de entendimento.

Focus – As condições do Pecém são atrativas?

Debellian  – Além das facilidades do Porto do Pecém, temos a ZPE. Nosso foco não é gasolina de automóvel, mas sim combustível marítimo para exportação. E isso casa bem com a zona (20% mercado interno e 80% exportação).

Temos um compromisso de compra com grandes distribuidoras, entre elas a dinamarquesa Bunker One. É uma gigante, que vende quatro vezes mais que a Petrobras. Atenderemos um nicho de mercado.

Focus – A ideia é ser um hub de combustíveis?

Debellian – O Ceará recebe muito navios. Se tiver muito combustível na esquina, o navio que atracar no Pecém vai ser beneficiado com abastecimento.

Focus – Como vai ser o projeto da refinaria?

Debellian – Vamos replicar o modelo de Sergipe, na Barra dos Coqueiros. É um ‘copia e cola’. É o mesmo modelo de refinaria, mas com drawback (benefício fiscal que ajuda os exportadores a reduzir o custo de produção e ter um preço atrativo no comércio internacional). Lá não tem ZPE, mas é estratégico.

O projeto é totalmente automatizado. Não foi feito para gerar emprego. Vai funcionar com 150 colaboradores por turno. É uma tecnologia bem avançada. Não se compara com as grandes refinarias da Petrobras que demandam grandes investimentos e empregam milhares. É coisa pequena. A rentabilidade para nós será excelente.

Focus – E os investimentos? 

Debellian – Temos uma empresa estruturadora financeira internacional que está conversando com fundos europeus e americanos. A ideia é conseguir 30% com investidores e outros 70% com os bancos.

No projeto de Pecém, teremos uma empresa israelense associada. Vamos criar a Noxis Pecém com sede em Fortaleza. Será 50% israelense e 50% da Noxis Energy.

A gente tem o principal comprador do combustível por 10 anos. Nossos sócios também possuem produção na Guiana.

Focus – Como está o diálogo com o Governo do Estado para a liberação das licenças?

Debellian – Uma série de passos já foram tomados. (ele refere-se aos estudos para implantar a refinaria da Qingdao Xinyutian Chemical). A prévia da licença ambiental é, em média, de seis a dez meses. Esperamos aproveitar os estudos. Depois, começa a licença de instalação. Essa demora um pouco mais, mas a velocidade pode ser boa. Temos 30 meses para colocara refinaria de pé. Realisticamente falando, iniciamos no fim de 2021 as obras.

Focus – O projeto contempla ampliação? Pensam em produzir diesel e gasolina para venda? 

Debellian – Começaremos com 50 mil barris/dia e depois ampliaremos para 100 mil barris/dia. Poderemos produzir também querosene de aviação. Sabemos que tem mercado, mas não estudamos ainda.

De modo geral, o projeto contempla o diesel marítimo. Vai sair alguma coisa de (diesel) S-10, gasolina e nafta. Vamos dar um tratamento (não detalha se os produtos serão consumidos pela empresa ou vendidos).

Focus – Qual o futuro das refinarias da Petrobras? 

Debellian – A estatal vai vender as refinarias e as grandes vão comprar. Outras empresas estão no páreo para entrar. Mesmo em uma fase de mudanças, isso não altera em um cenário cujas mudanças ocorrem em 25, 30 anos.

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