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Exclusivo: chinesa Higer quer iniciar operação de fábrica de ônibus elétricos no Ceará em 2024

Ônibus elétrico da Higer. Foto: Divulgação

Átila Varela
atila@focus.jor.br

A chinesa Higer quer iniciar a operação de sua fábrica de ônibus elétricos no Ceará em 2024. Em entrevista exclusiva ao Focus.jor, o diretor da América Latina da companhia, Marcello Barella, detalhou os planos para o Estado.

Ao todo, a unidade a ser instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém contará com 180 mil metros quadrados e será construída em duas fases, conforme o “andar” da produção.

“O estudo de viabilidade (do projeto é muito rápido). A infraestrutura que precisamos construir não é de produção de uma fábrica como na China. Se fosse, teríamos de investir US$ 300 milhões”, explica o executivo. A planta fabril em terras cearenses sairá por US$ 20 milhões.

Diretor da América Latina da companhia, Marcello Barella. Foto: Divulgação

O modelo inicial de produção será em PKD (Partial Knock-Down). No Ceará, o veículo vem parcialmente desmontando. Distribuidores enviarão itens como vidros, assentos e motores e baterias para ser colocados nos veículos. Na segunda etapa, migraria para o modelo SKD (Semi Knock-Down). Várias partes seriam pré-montadas nesse processo.

“Não temos muitas ferramentas. É mais a montagem dos componentes. Quando partirmos para o SKD, faremos um investimento maior. Com tudo dentro dos conformes, a fábrica estará pronta para produzir em 2024. Temos alguns negócios em São Paulo e parte da entrega será mobilizada do Ceará”, adianta.

O total de unidades produzidas inicialmente será de 350 por ano. Em 2025, a meta é dobrar para 700 unidades.

Com relação à geração de empregos, 500 postos de trabalhos diretos. “Indiretos, serão muitos. Na segunda fase, mais de 300”, pontua.

Vale lembrar que a chinesa vai atuar no Brasil via TEVx Motors Higer.

A unidade no Pecém deverá exportar parte de sua produção para os mercados da América Latina. “Teremos uma gama de componentes e podemos entregar esse produto (ônibus elétrico) para outros países que mantemos convênio, entre eles o México”, ressalta.

Isso é só o começo. A planta de Pecém poderá, tranquilamente, produzir veículos vans e cargos. Com o negócio consolidado e a demanda dos mercados do Norte e Nordeste, o “start” ocorreria.

Alexandre Colonese, diretor TEVx Motors Higer, Alexandre Colonese. Foto: Divulgação

Preço e autonomia

Um ponto de interesse para as empresas, especialmente para aquelas que querem adquirir um veículo limpo, é o preço. O diretor TEVx Motors Higer, Alexandre Colonese, explica ao Focus que o valor de um ônibus elétrico custa, em média, R$ 2 milhões a R$ 2,7 milhões.

Um ônibus urbano montado e trabalho para passageiros, movido a diesel, sai em torno de R$ 600 mil.

Mesmo que o valor assuste, a economia vem. “Na parte da manutenção, a economia gira em quase 70%, especialmente na parte das peças se comparado com o elétrico. Você tira óleos aditivos, conserto de motor. Não tem caixa de câmbio”, argumenta.

O consumo é outro diferencial. “No veículo a diesel, em média, o consumo gira em R$ 25 mil a R$ 30 mil. Com o ônibus elétrico, cai para R$ 2 mil, R$ 3 mil. A longo prazo, o modelo elétrico ganha disparado”, detalha.

A vida útil da bateria (fornecida pela CATL) é de 8 anos – o mesmo prazo de garantia. “As que usamos são de carga rápida. Nosso carro consegue carregar em 2 horas e meia. Esse é o perfil da tecnologia que traremos para o Brasil. Temos 316 mil unidades, sendo 50 mil elétricas no mundo. No Brasil, completaremos 5 mil”, complementa.

Em resumo, o veículo elétrico da Higer consegue percorrer até 270 km com uma única carga. “Além do ônibus de uso urbano, traremos um modelo para viagens mais longos, com autonomia de 400 km. Queremos entrar no mercado do Norte e Nordeste com esses produtos”, detalha.

Modelo de negócio

A chegada dos ônibus elétricos também podem mudar o atual modelo de negócio atual do transporte coletivo. “Temos um sistema tarifado hoje, onde o empresário recebe uma remuneração. Tenta compensar com a venda do veículo, mas é um modelo que já é ultrapassado”, disse.

“Através de um leasing, há uma prestação que entra em um cálculo onde a remuneração do operador paga o valor. Será muito mais rentável e viável do que os veículos a diesel. Não é só a mudança (de matriz), mas é todo o negócio que irá se transformar de maneira radical”, acredita.

Indicação de parceiro comercial

O Ceará foi escolhido após indicação de um parceiro comercial da Higer. Houve um encontro com o titular da Sedet, Maia Jr, e Roseane Medeiros, secretária executiva da Indústria.

“Ficamos impressionados com a postura deles. E também ficamos bastante curiosos em conhecer a estrutura do Pecém”, disse Marcelo Barella.

O executivo acabou visitando o Ceará. “Fomos recebidos de tal forma que nos sentimos confiantes ao saber que um Estado do Nordeste tem essa pegada. Queremos fortalecer o Norte e o Nordeste”, pontua o executivo.

“O Ceará tem uma gama de empresas multinacionais que trazem a todo momento investimentos. Nós como indústria de veículos acreditamos ser esse o diferencial”, conclui.

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