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Em queda na Bolsa e à venda, Aeris demite 1.500 funcionários no Pecém

A Aeris Energy, fabricante de pás eólicas e um dos maiores players do mercado, demitiu 1.500 funcionários em sua fábrica localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).

O motivo? Readequações em seu segmento.

Agora, o que pouca gente atentou foi para um fato relevante em março: a Aeris finalizava o contrato de fornecimento de pás eólicas com a Siemens Gamesa.

No documento, a empresa revelava que estava tomando medidas para readequar sua linha de produção que produzia as pás SG170.

“A administração da companhia ressalta, por fim, que, em linha com planejamento aprovado pela administração, vem trabalhando para ajustar a capacidade produtiva da Companhia para o ano de 2024 frente ao encerramento do Contrato e às perspectivas do mercado, de forma a manter as bases necessárias para a continuidade dos negócios com os demais clientes e alavancar a introdução de novos produtos no mercado”, dizia o relatório.

Por outro lado, em janeiro,  a Aeris anunciou a extensão de seu contrato com a Vestas até o final de 2028, a celebração de novo aditivo com a Nordex. A perspectiva equivale um potencial equivalente a 9,6 GW e um incremento na receita líquida contratada de até R$ 8,3 bilhões no longo prazo.

A Aeris falou sobre a situação em nota enviada ao Focus:

“Em razão de um cenário desafiador em 2024, que inclui menor perspectiva para a instalação de novos parques eólicos, redução no número de contratos e no volume de vendas – e com a finalidade de buscar mais eficiência operacional, fizemos diversos ajustes em nossa estrutura no início deste ano, o que inclui também uma adequação em nosso quadro de colaboradores.

Agradecemos aos profissionais que encerraram suas atividades conosco pela dedicação e profissionalismo durante o tempo em que trabalharam em nossa empresa e asseguramos que todos os seus direitos trabalhistas foram garantidos.

Seguimos muito confiantes com o setor de energia eólica no longo prazo, dados os compromissos de descarbonização que estão sendo firmados no Brasil e no mundo. Apesar de 2024 representar um desafio no Brasil – com menor perspectiva para a instalação de novos parques eólicos, redução no número de contratos e no volume de vendas -, outras regiões têm boas perspectivas de crescimento. Inclusive acreditamos que o mercado externo deva atingir cerca de 40% da nossa receita até 2025, com boas oportunidades nas Américas, de maneira geral (Estados Unidos, Chile, México, Argentina).

Para este ano também estamos fortalecendo a Aeris Service, nossa divisão de serviços criada em 2013 para atender o mercado eólico com serviços de reparos, pinturas, limpeza, manutenções preventivas e corretivas, inspeções fotográficas, etc, que conta com uma unidade em Fortaleza e outra em Houston, no Texas. Crescendo a cada ano, esse projeto deve representar entre 7% e 10% da nossa receita em 2024 e queremos chegar até 20% nos próximos anos. Outro anúncio relevante que fizemos neste ano foi a extensão do nosso contrato com a Vestas, que, sujeito a determinadas condições, inclusive à efetiva demanda por parte da Vestas, prevê um incremento no potencial de ordens de fornecimento de pás eólicas de múltiplos modelos em capacidade equivalente a 8,8 gigawatts (já considerando a repactuação de volumes contratados para 2024), o que, se materializado, poderá resultar em aumento líquido de receitas de até R$ 7,6 bilhões até o fim do prazo do contrato de fornecimento, em 2028.”

Queda nas ações

As ações da Aeris despencaram de 2023 para cá. Em maio do ano passado, chegou a valer R$ 1,66 (dia 11). Atualmente, dia 13, segue com o valor de R$ 0,56.

Um relatório da Genial Investimentos sintetiza o momento.

“Aeris reportou resultados fracos no 4T23, com volumes fracos, margens em queda e uma nova metodologia para reconhecimento de receita. Os números vieram substancialmente abaixo das estimativas do mercado e dos nossos números. Na figura proforma, observamos um leve aumento da capacidade fornecida no trimestre, ofuscado pela queda no ROIC e queda forte na margem EBITDA. As margens seguem sendo severamente impactadas pela extensão do tempo de acabamento de pás e pelos menores volumes, que prejudicam a diluição de custos fixos”, afirmava.

Veja os destaques financeiros da empresa divulgados em 2024

Processo de venda

A Aeris também entrou em um processo de venda. Na verdade, o BTG Pactual está engajado a encontrar um comprador.

Por enquanto, não há nenhuma proposta, mas apenas interessados, sendo um estrangeiro e concorrente direto da empresa, de acordo como Pipeline do Valor.

Sobre a Aeris Energy

A Aeris Energy é líder na fabricação de pás para aerogeradores na América Latina, e uma das maiores produtoras no mercado mundial. Fundada em 2010, a empresa foi edificada por um grupo de engenheiros do setor de aeronáutica nacional.

Em seu site, a companhia contabilizava mais de 6 mil colaboradores, que atuam na sede administrativa e em duas plantas localizadas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no município de Caucaia. Com um portfólio que inclui grandes empresas multinacionais fabricantes de aerogeradores, a Aeris Energy atua sob o conceito Built-to-spec – produção voltada a atender as necessidades técnicas específicas de seus clientes.

Por meio da divisão Aeris Service, a empresa também presta serviços de manutenção e reparo para todos os modelos de pás e torres eólicas no Brasil e nos Estados Unidos.

Qual o tamanho do mercado de energia eólica no Ceará e como a crise na Aeris liga o sinal de alerta?

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