Evandro Leitão (PT) é um político cearense que teve uma trajetória significativa e que agora encontra, na sua pré-candidatura à prefeitura de Fortaleza, mais uma chance de vencer os seus adversários.
Evandro atuou 14 anos no PDT e tem, justamente nesse partido, alguns de seus maiores inimigos.
“Eu quero agradecer ao PDT pelos 14 anos: o único partido que eu tive até hoje na minha vida, mas, a partir de agora, nos próximos dias, nós teremos vida nova em outra agremiação”, disparou em discurso na Tribuna para todos os seus aliados escutarem, em dezembro de 2023.
“Iremos continuar o processo de transformação e de mudança no Estado do Ceará seja onde for, independentemente de partido. Eu não faço política apenas para dizer que quero ser candidato. Eu quero estar sendo respeitado, sendo ouvido. Infelizmente, eu não tive outra alternativa”, enfatizou o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará.
Tal reclamação se refere ao fato de que “fez de tudo” para impedir que o PDT rachasse nas eleições de 2022. Evandro foi um dos que apoiou a reeleição da ex-governadora Izolda Cela, que acabou sendo ignorada pelos pedetistas liderados pelo ex-governador Ciro Gomes. O grupo optou pelo ex-prefeito Roberto Cláudio na corrida pelo cargo de governador.
Os petistas, que tinham uma aliança duradoura com o partido dos Ferreira Gomes, logo romperam com a legenda e lançaram Elmano de Freitas, que, com o apoio de Camilo e Lula, venceu no primeiro turno. Capitão Wagner (UB) ficou em segundo e RC em terceiro, inclusive na própria cidade, a qual governou durante dois mandatos.
Após o rompimento de 16 anos com o PT, muitos pedetistas saíram da legenda e foram para outras siglas da base de Camilo. Durante um ano, esse foi o intuito de Evandro.
Ao tentar unir, mais uma vez, o partido, se viu lutando uma batalha já vencida pelos antigos aliados. “Uma dessas pessoas, eu digo com muita humildade, fui eu. Tentei. Fiz de tudo, fiz de tudo, mas, infelizmente, não consegui”, continuou em seu último discurso como pedetista.
Logo, quando a decisão foi aceita, Evandro enalteceu a conquista. “A decisão do TRE-CE foi uma vitória do bom senso e da democracia”, começou. “A Justiça Eleitoral compreendeu, de forma unânime, que meu pedido de desfiliação do PDT é legítimo, por estar respaldado na carta de anuência referendada pela maioria do diretório estadual do partido e nos fatos que comprovam que fui tratado de forma diferenciada pela legenda durante o pleito de 2022, sendo o único candidato eleito a não receber verba do fundo partidário”, disparou o ex-presidente do Ceará Sporting Club.
“Meu futuro partidário será decidido com muita tranquilidade, respeitando os processos e considerando minhas identificações ideológicas pessoais e o projeto político do qual faço parte”, finalizou na época.
O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, foi o que mais atacou, por exemplo, essa decisão de Evandro. “Todo esse teatro montado para a saída do deputado estadual Evandro Leitão do partido é de muito mau gosto e subestima a inteligência do nosso povo”, comentou RC, o presidente municipal da sigla e amigo de décadas do ex-pedetista.
“Quem acha que o “PODER” pode e consegue tudo, como até mesmo convencer o povo, por mais surreal que seja a narrativa, muitas vezes “quebra a cara”, continuou. “Humildade, verdade e “caldo de galinha” fazem bem à vida, à convivência sadia e à boa política”, disse. Decepcionando de vez RC, em dezembro de 2023, o presidente da Alece entrou no Partido dos Trabalhadores.
Com o passar dos meses, após muita especulação, o petista confirmou seu nome como pré-candidato a prefeitura de Fortaleza, atacando, então, seu antigo aliado, José Sarto, o atual prefeito pedetista. “No tempo devido, nós vamos observar quem tem projeto para Fortaleza, o que é que se pensa, quem conhece Fortaleza, quem é raiz. Que tem gente raiz e gente nutella”, declarou em seu primeiro movimento no xadrez da política fortalezense.
Em seguida, Evandro venceu a disputa interna, inclusive da ex-prefeita Luizianne Lins (PT), que retirou a sua candidatura quando observou a maioria indo em Evandro. José Guimarães e Zé Airton foram dois grandes apoiadores do presidente da Alece, por exemplo.
Ao todo, 200 delegados participaram da votação. Em seu discurso, falou das duas “Fortalezas” que existem, responsabilizando, de novo, o prefeito Sarto. “Desde já, eu peço, que juntos, a chapa 100, e as demais, possamos nos unir e nos fortalecer. Os nossos adversários estão lá fora. É a máquina da Prefeitura. Esse prefeito que dividiu a cidade em várias Fortalezas”, disparou.
Por agora, o alvo é Sarto, e não a direita protagonizada, mais uma vez, por Capitão Wagner, que disputa a Capital pela terceira vez.
