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Com incentivos do Estado, produção de cacau começa a apresentar resultados no Ceará

Com incentivos do Estado, produção de cacau começa a apresentar resultados no Ceará. Foto: divulgação

Equipe Focus
focus@focus.jor.br

Com primeiras mudas plantadas em 2010 e contando com incentivos do Governo do Estado, a produção de cacau no Ceará começa a apresentar os primeiros resultados e dar sinais de que tem potencial para ser competitiva no futuro.

Considerado o “fruto de ouro” devido à sua alta lucratividade, o cacau tem na Bahia o seu maior produtor do Brasil, com uma área plantada de 480 mil hectares e produção de 122 mil toneladas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Ceará, através de suas áreas irrigadas, obteve, logo na 1ª safra, três mil quilos de amêndoas por hectare, superando em muito a média de 350 quilos por hectare registrado no Sul da Bahia, principal região produtora do Brasil. Atualmente, o Estado conta com 25 hectares plantados.

Analista de Atração de Investimento e Mercado da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Sérgio Baima ressalta que o objetivo do Governo do Ceará é incentivar a produção do cacau, fruto do qual é fabricado o chocolate, alimento bastante valorizado no mercado. “O cacau tem importância adicional por ser um produto industrial e ter alto valor agregado. Mas nós queremos melhorar ainda mais essa produção”.

Logo nos primeiros anos de plantio de cacau no Ceará, a sequência de anos de seca quase impediu a continuidade do projeto. Felizmente esse cenário tomou rumos positivos e hoje a questão hídrica está quase que totalmente normalizada.

“Em 2011, tínhamos o Castanhão cheio. Aguentou três anos e quase secou. Hoje, o açude tem cerca de 15% e estamos conseguindo manter a irrigação porque há um cuidado muito maior com a água. O cacau contribui com o pensamento do Governo de aumentar a renda de produtores, sejam grandes ou pequenos, de modo parcimonioso no uso da água”, disse Baima.

Mais uma vantagem está no clima semiárido, que impede naturalmente a proliferação de fungos, como a vassoura-de-bruxa. A doença é responsável por sérios problemas na produção de outros estados brasileiros.

Baima frisa que a insolação (quantidade de horas de sol durante o dia), no Ceará, melhora a produção e faz com que o cacau seja precoce.

“A precocidade é uma das coisas básicas para a produção. Não é bom ter que esperar por cinco anos para o cacau desenvolver. Aqui, ele se desenvolve em três anos. Entre a saída da flor e a produção, normalmente, em outros estados, chega a 200 dias. No Ceará, em 140 dias há o processo. É realmente mais precoce, o que faz com que o Ceará possa ter um grande potencial”, avalia o analista da Sedet.

Especificidades

O engenheiro agrônomo Diógenes Abrantes afirma que o Estado do Ceará já possui o know-how necessário para uma boa atuação dos agricultores. “A implantação dos cacaueiros no Ceará apenas foi possível pela parceria entre o Governo do Estado e a iniciativa privada. O Governo incentivou com consultorias, através de projetos da Adece (Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará), e custeando a vinda de especialistas ao Ceará. Hoje, a Sedet mantém um consultor do cacau na região”, explica, acrescentando que outras regiões já iniciaram o processo de plantação, como a do Acaraú.

Atualmente, a rentabilidade do cacau é de R$ 1 mil por hectare. “Isso, se o interesse for de processamento apenas da amêndoa. Se fizer a venda da poupa, o ganho vai para R$ 1,3 mil. E caso seja uma produção de agricultura familiar, onde o próprio agricultor executa a mão de obra, essa percentagem aumenta para R$ 1,5 mil livres, por hectare, a partir do 3º ano”, afirma Diógenes Abrantes.

Renda

Empregado há 13 anos na Fazenda Frutacor, o agricultor Kerginaldo de Freitas acompanhou todo o início do processo. Ele é o responsável por manter a produção de cacau livre de pragas e com água suficiente. Kerginaldo destaca tudo o que já conquistou com o trabalho feito com o cacau.

“Vale muito a pena. Aqui, eu ganho o pão de cada dia e consigo minhas coisas”, fala, agradecido, o agricultor. “Graças a Deus, já comprei um carro, minha casa e tenho uma moto para vir trabalhar. Só assim eu consegui ter minhas coisas”, comemora.

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