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Bionírica, uma biografia sonhada, de Ana Miranda 

Foto: Divulgação

Ana Miranda, muitas vezes, menciona que trabalha com a literatura como se  fosse pintura. Sente-se “ela mesma” quando está desenhando, mais do que  quando está escrevendo. Ao mesmo tempo, Ana diz que não conseguiria viver sem a experiência da compreensão do mundo pelas palavras com as quais constrói romances e que,  como seus desenhos, podem surgir do sonho.

Seu desenho e a escrita nasceram juntos, em cadernos feitos desde a  infância. Isso os tornava semelhantes e simultâneos em sua estrutura de  construção ou fabulação. Mas existiam em hemisférios separados. Desde que publicou o romance Desmundo com seu desenho na capa, essa passou a ser uma prática que une as duas linguagens. Seus desenhos são  imagens oníricas que definem a parte mais profunda do romance.

São ato contínuo de criação, tendo como base de concretude a  imaginação radiante. Neles, o tempo não é demarcado. As imagens surgem  numa fluidez sem fronteiras de cronologia, linguagem ou matéria, em um eterno  movimento de conexões inconscientes entre o agora e o depois.

EXPOSIÇÃO DE DESENHOS E LANÇAMENTO DE LIVRO BIONÍRICA: UMA BIOGRAFIA SONHADA

Abertura: 14 de março de 2024, às 19h

A exposição estará aberta de 14 a 29 de março

de 2024, de segunda a sexta, das 10 às 19h

Galeria Multiarte

Rua Barbosa de Freitas, 1727

Aldeota, Fortaleza, CE

(85)3261-7724

Livro Bionírica

ISBN: 978-65-86879-72-8

Páginas: 208

Preço de capa: R$170,00

Editora Armazém da Cultura

Jorge da Rocha, 154, (85) 3224-9780

Aldeota, Fortaleza, CE

www.armazemcultura.com.br

Aquelas pastas pretas 

“O que há nestas pastas pretas?” Perguntei a Ana Maria, com uma imodéstia que  beirava a curiosidade. São alguns desenhos,  foi sua resposta casual. Posso vê‐las? Ela  entregou hesitante uma das pastas, com o título bizarro: Seres oníricos.   Folheei  cuidadosamente  os  desenhos,  cada  um  diferente;  havia  esboços  em  papéis  refinados,  em  páginas  de  agenda,  pedaços  de  jornais,  todos  de  uma  beleza  sobrenatural. Não seguiam nenhum padrão, nenhum estilo, cada desenho revelava uma  peça  de  um  mundo  desconhecido,  independente  do  nosso  mundo,  mas  claramente  reconhecível. E cada desenho mostrava uma imaginação desenfreada. 

  A princípio, folheei as páginas um pouco descuidadamente, com um uau! e um  educado: “Oh… maravilhoso”, mas depois fiquei quieto e apanhado naquele mundo de  sonho, diferente para cada desenho, com um conceito independente, novo e claro. Às  vezes os desenhos pareciam estar relacionados entre si, mas sempre eram o ponto de  vista  da  artista,  mental  e  fisicamente  únicos,  sem  fronteiras  ou  limites  e  livres  das pressões que todo artista deve sentir quando seu trabalho é exibido. A qual movimento  você pertence? Qual é o valor do seu trabalho? 

O trabalho de Ana não sofre essa pressão porque não foi feito para ser mostrado.  É  Arte  em  si.  Autossuficiente,  com  uma  execução  muito  disciplinada  e  recursos  extremamente limitados:  normalmente  formato A4,  papel Fabriano,  120 lápis  de  cor  aquareláveis Caran d’Ache. 

O conteúdo é um ponto forte de seu trabalho. Um desenho de Miranda não é  uma versão ou interpretação de um mundo imaginário, não; é um sonho em si. Cada  desenho  tem  um  novo  conceito,  completamente  autocontido,  e  quando  vários  desenhos  são  mostrados  aleatoriamente  em  movimento,  você  não  admira  cada  desenho isoladamente, mas entra em um mundo de sonho, no qual você é levado, sem  limitação de moldura, papel ou lápis de cor e no qual você mesmo decide qual será o  conteúdo de sua própria visão, sem categorizar ou criticar o trabalho. Cada desenho tem  sua surpresa. (…) 

Theo Van de Sande, cineasta 

Uma autobiografia desenhada 

A escritora Ana Miranda  desenvolve,  desde a  infância,  uma  intensa e  secreta  atividade  como  desenhista.  São  desenhos  com  um  profundo  sentido  de  expressão  íntima, espontânea; sentimentos, percepções, sonhos, impressões, memórias.  Em  um  rescaldo  desse  material,  produzido  ao  longo  de  décadas,  foram recuperados  quase  dois  mil  desenhos  que  podem  ser  compreendidos  por  meio  de  temas, como: Infância, Sonhos e sombras, Mulheres vegetais, Mulheres animais, Sereias e iaras, Seres alados, entre outros. 

Quase todos os desenhos são traçados a nanquim e lápis de cor, em um trabalho  fulgurante de coloração; sempre figurativos, desconstruídos, sensuais, com forte poder  de  causar  emoções.  Quase  hipnóticos,  de  uma  fabulosa  criatividade  e  liberdade,  transmitem  a  sensação  de  que  estamos  penetrando  um  mundo  ao  mesmo  tempo  desconhecido  e  familiar.  Feitos  de  símbolos  intraduzíveis,  inquietantes,  altamente  pessoais. A sensação é de que estamos vendo algo que nunca foi visto. De que estamos  lendo, e não olhando; mas, lendo com o inconsciente. 

O livro Bionírica, uma biografia sonhada, reúne parte desses desenhos, dos mais significativos e  que  formam,  nitidamente,  a  biografia  de  uma mulher: esta mulher  e escritora com uma extraordinária experiência de vida. Mas, de maneira quase mágica,  parece  uma  biografia  de  todas  as  mulheres,  com  uma  penetração  no  mistério  da feminilidade. No formato de um livro de arte, Bionírica tem os desenhos apresentados de maneira que o leitor sente estar lendo um romance, uma autobiografia, escritos em um alfabeto onírico.

A importância dessa publicação se dá não apenas por seu caráter inovador, mas também pela  revelação de um universo  feminino a partir de observações de uma de nossas  mais  sensíveis  e  renomadas  escritoras,  numa  época  em  que  se  busca  a valorização da voz feminina, em que a mulher se insere cada vez mais profundamente na formação de nosso imaginário, nossas mentalidades e nossos acervos artísticos. 

Anna Dantes, editora e artista gráfica 

Eu não estava preparada para a explosão que emanou das páginas abertas em minhas mãos. O seu livro é um alumbramento (uso a palavra por gostar dela). Nada me preparou para o absurdo capricho e riqueza da edição, para o equilíbrio entre texto e desenhos, para não ter seu nome forte na cara da capa – o desenho basta ‐, tudo. 

 Dorrit Harazim, jornalista e escritora 

Os  desenhos  de  Ana  Miranda  são  de  uma  beleza  arrebatada  e  contundente.  Habitam  o arquétipo, não param de crescer. Tesouros do mundo interno. Jazidas primordiais, inegociáveis. A soma das virtudes de Ana Miranda corresponde ao mais sensível refinamento dos meios de expressão. Poesia! 

Marco Lucchesi, poeta e escritor 

Nos desenhos literais da Ana senti o mesmo medo e o fascínio das frases desconhecidas. Viciei-me na excitação da virada da página, roendo cada unha e me perdendo em cada ala desses castelos no ar. Vivi uma novidade e tive de reaprender a ler. 

Wilson Neto, artista 

Bio de biografia? Não! Bio de biologia, de vida! E que vida a Ana Miranda nos apresenta neste livro‐monumento! Excita muitíssimo nossa imaginação. Estimula por demais nossa fantasia. Faz sonhar nossos sonhos. 

Nicolas Behr, poeta 

Encontrei [no livro Bionírica]  desenhos  belíssimos e  surpreendentes.  Fantásticos e muitíssimo imaginativos. 

Roberto Magalhães, artista 

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