
Por Gabriel Amora
Alguns parlamentares seguem insatisfeitos com a gestão do prefeito Sarto (PDT) na Capital cearense que, no momento, é alvo de críticas até mesmo de antigos aliados. Vide o senador Cid Gomes.
Vereadores, na atual conjuntura, seguem se manifestando diante à atuação do pedetista. A vereadora Estrela Barros (Rede), por exemplo, utilizou a tribuna da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), em março último, para explanar sobre a sua saída da base aliada ao prefeito.
Na época, ela havia sido a quinta vereadora a deixar a base do prefeito, seguindo Eudes Bringel (PSB), Leo Couto (PSB), Enfermeira Ana Paula (PDT) e Júlio Brizzi (PDT).
Confira as críticas de vereadores que outrora atuaram como base da gestão pedetista e, no momento, seguem criticando a mesma alinhando-se com a oposição que tende a se organizar em torno da mesma aliança que venceu a disputa para o Governo do Ceará em 2022.
VEREADOR LÉO COUTO (PSB)

“Esse governo deixa para nós a marca da taxa do lixo, do aumento das passagens e, principalmente, da falta de diálogo. Isso é representado com o crescimento da oposição que, nesse momento, também vem do próprio PDT. Muitos vereadores, no caso, seguem criticando severamente essa gestão. Tivemos sérias denúncias do vereador do John Monteiro, por exemplo, que sofreu manobra para sair. Eu mesmo, que era vice-líder do prefeito, fui recebido duas vezes pelo mesmo em dois anos.
E as eleições de 2022 servem de reflexo desse afastamento. O senador Cid Gomes tenta a todo custo criar harmonia e nos unir, mas existe essa ala, liderada pelo ex-prefeito Roberto Cláudio, que não quer isso.
E, no meio disso, temos nomes despontando, como, obviamente, o do presidente da Assembleia Legislativa, Evandro leitão, que está de saída do partido. Ele representa um nome forte por tudo que vem fazendo dentro da casa, é um nome de destaque. Além dele, temos a ex-governadora Izolda Cela e outros nomes do PT, como Luizianne Lins e Guilherme Sampaio que chegam forte.
Não acredito nessa reeleição, já que assistimos os desgastes, taxas criadas, perseguições sendo feitas. Temos situações delicadas na saúde, oncologia da cidade inteira vem passando por dificuldades, a saúde como um todo. O povo de Fortaleza não é atendido e há muitas reclamações na infraestrutura.”
VEREADORA ESTRELA BARROS (REDE)

“Desde quando eu fui eleita, sempre tentei diálogo com Sarto e ele só me atendeu duas vezes. A primeira vez foi assim que fui eleita. Ele queria me parabenizar. Ele disse que muitas coisas iam acontecer na minha comunidade e que eu ia representar esse povo. Fiquei feliz e orgulhosa, mas sempre que pedi agenda com ele, nunca tive diálogo ou retorno
Eis que em uma ocasião ele me chamou para discutir sobre a votação da taxa do lixo e eu disse que não votaria de jeito nenhum. Lá, ele falou que era um projeto que ele não tinha criado, mas que foi passado para ele exercer como gestor. Discordei. Não era necessário essa cobrança. Estávamos saindo da pandemia com mil impostos para pagar e ainda teríamos mais um? Eu disse que o meu voto seria não.
Nunca fui atendida e hoje sou oposição. Mas que isto fique claro: fui empurrada à essa situação por falta de diálogo e opção. Eu não concordo com tudo que vem acontecendo contra o povo. Eu vim da periferia e esse é o pensamento: não vou prejudicar ninguém. O meu intuito é trazer melhorias. E todas as áreas necessitam de atenção, principalmente a saúde. O Sarto é médico, temos um gestor dessa área, e eu nunca vi Fortaleza tão imperfeita e precária na área da saúde. Como é que pode.
E eu vejo muita propaganda falando de uma boa administração, mas isso não existe. Reformas não aconteceram, há falta de medicamentos, de profissionais da saúde, de atenção… Como pode ter que se esperar três meses para realizar um exame completo?
Eu, por exemplo, fiz requerimento para tapar buracos na capital, me pergunta se fui atendida… Eu não, né? O povo. Ele acha que governa sozinho e jura que a prioridade é o Ano Novo em que investe milhões. Ele tem viajado e cuidado do seu prazer, jogando dinheiro público no lixo, como ocorreu com o xiringador na Beira-Mar.”
VEREADORA ADRIANA ALMEIDA (PT)

“Não somos oposição só por ser. Somos, porque assistimos problemas na gestão. E isso vem da falta de diálogo. Estamos sempre presenciando alguém rompendo com ele e o ponto central é exatamente a falta de abertura. Se eu fosse prefeita, teria diálogo com todos, independentemente de ser da base ou oposição.
Sou de periferia e ele fala que as obras estão 90% nas periferias. Eu não visualizo isso. Temos problemas de lixo acumulado, mesmo com a cobrança, problemas com iluminação, problemas com diminuição das frotas de transporte público, asfaltos e calçamentos abandonados. Lâmpadas que não são trocadas e o prefeito diz que trabalha com 90% das obras na periferia? Eu moro na Parangaba e está abandonada.
A saúde vive um problema. É crucial. Tem várias emergências fechadas e a gestão não diz nada. Apenas fecha e parte para outra prioridade.”
VEREADORA ENFERMEIRA ANA PAULA (PDT)
“A gestão do prefeito José Sarto se mostra aquém daquilo que o povo fortalezense merece. Com ausência de articulação política e de diálogo com os vereadores na Câmara Municipal, incluindo os da base.
E um dos pontos que muito tem me preocupado é a situação da saúde em nosso município, que conta com a estrutura física e de pessoal defasada. Na atenção primária a população enfrenta superlotação, ausência de medicamentos, espera prolongada para a realização de uma consulta especializada ou exame. Esse é um problema que vem se arrastando e se precarizando ainda mais.”
VEREADOR EUDES BRINGEL (PSB)

“Eu não quis apoiar o ex-prefeito Roberto Cláudio na eleição estadual do último ano. Até falamos para o Sarto que naquele momento não caminharíamos juntos. Isso gerou desgaste. E depois disso, nossas demandas não eram mais atendidas. E quando veio a cobrança da taxa do lixo foi a gota d’água. Nos posicionamos ao contrário dessa cobrança. Achamos um absurdo. Ele falou que era obrigado, mas, na verdade, não é. Tentaram vender isso pra gente.
Nada foi mudado e já temos com alguns meses com essa taxa. Fica tendo arrecadação do dinheiro público e ninguém sabe para onde vai esse dinheiro. De lá pra cá, só pioras. Nos posicionamos ao contrário. Então, ão tem mais diálogo. E se você for oposição, aí que não tem mesmo Estamos de mãos atadas, mas seguimos trabalhando.
Nós que moramos na periferia, continuamos solicitando várias demandas e seguimos sem ser atendidos. Continuamos na oposição e buscando parceria com governo do Estado. Quando estamos tentando visibilizar algumas coisas no município, somos questionados. E isso fez com que demandas nossas fossem abandonadas. Roberto Cláudio compartilhou a notícia de que estávamos usando da máquina do estado. E isso nos causou espanto. Enquanto tentamos, somos questionados.
É muito difícil essa situação. A saúde está complicada também… ontem mesmo perdi um amigo. O Frotinha está abandonado e o meu amigo ficou três dias aguardando ser atendido. Se quer teve direito de fazer dois exames básicos. Eles pregam que a saúde é uma maravilha, mas não é”
O vereador Julio Brizzi (PDT) foi procurado pelo Focus.jor, mas preferiu não se manifestar.