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PDT X PT: uma DR sem fim

Nesta fase que antecede o início da propaganda eleitoral (16.08), os canais de imprensa – rádio, jornal e televisão – têm promovido entrevistas com os três candidatos ao governo do estado a partir das quais já se vislumbram algumas definições estratégicas de cada um deles.

Um assunto recorrente nessas entrevistas tem sido os conflitos que resultaram na divisão da aliança de 16 anos entre o PDT e o PT. Para a mídia, que orienta sua pauta por interesses próprios de audiência, qualquer narrativa novelesca é muito bem vinda e os candidatos têm sido fustigados a requentar essa sopa ad nauseum.

Neste momento já distante das definições e quando já é hora de levar o olhar do eleitor para os horizontes do futuro, os candidatos Elmano de Freitas e Roberto Cláudio erram ao ceder em suas entrevistas um grande espaço para o assunto porque o prolongamento dessa DR só interessa a um candidato: Capitão Wagner, que de besta mesmo só tem aquela carinha de genro bom.

Sim, enquanto Roberto e Elmano disputam o lugar na cruz da vítima, acusando-se mutuamente de traição, o Capitão, sempre com sorriso irônico no canto da boca, aproveita para reforçar,quando instado a tratar do tema, a versão de que se passa ali algo de menor dignidade: “uma mera luta do poder pelo poder”, reforçando a imagem de que ele, sim, luta pelos interesses reais da sociedade.

A pré-candidatura de Izolda Cela é, para efeito do timing eleitoral, leite derramado. As pessoas comuns, que sofrem com uma crise aguda de desemprego e preços altos, distantes do circuito viciado das rinhas partidárias, já se habituou a assistir o que se passa nesse tablado por vezes farsesco de políticos que declaram hoje ódio eterno a quem amanhã cedo farão juras de amor, igualmente eternas.

O que PDT e PT precisam agora é controlar seus ressentimentos, reais ou simulados, e resistir à tentação de transformar o debate eleitoral numa psicoterapia de grupo alheia às dores do auditório. O que cada um poderia ter capitalizado com o drama já foi precificado. Estão agora, com suas lágrimas nem sempre sinceras, irrigando o solo arado de Capitão Wagner – a quem ambos, PDT e PT, têm como real adversário.

Numa eleição, é melhor vencer do que ter razão.

Ricardo Alcântara é publicitário e escritor.

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