
O empresário José Bezerra de Menezes, o Binho Bezerra, e sua mulher, Luciana Bezerra, morreram intoxicados por monóxido de carbono enquanto dormiam em sua casa de veraneio, no Guarujá, no litoral de São Paulo.
Segundo a Polícia Civil, a alta dosagem da substância no organismo do casal, detectada na autópsia, indica que eles podem ter respirado durante várias horas o ar do quarto, contaminado com o gás.
Como não tem cor, gosto ou cheiro, o monóxido não é percebido no ambiente. A sonolência é um dos sintomas iniciais do envenenamento, que se torna indetectável quando a pessoa está dormindo ou preparada para dormir.
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A causa das mortes foi confirmada pelo laudo necroscópico das vítimas, apontando alta concentração de monóxido de carbono nas amostras analisadas. A substância impede que o sangue transporte oxigênio para as células, causando asfixia e danos que levam à morte. Conforme a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), o laudo toxicológico e da perícia do local ainda estão em andamento. “Diligências prosseguem para esclarecer todas as circunstâncias do fato”, disse, em nota.
Durante o levantamento na residência, os peritos observaram que a suíte onde o casal dormia fica ao lado do cômodo que abriga os equipamentos do sistema de aquecimento da mansão. O conjunto de caldeiras está instalado no mesmo espaço das bombas da piscina.
O queimador, ponto de queima do gás, tem um sistema de exaustão para conduzir o monóxido de carbono, resultante da combustão, para fora do recinto. A perícia preliminar constatou que o duto estava rompido. Com isso, o gás vazou e se acumulou no ambiente, que não estava totalmente isolado do restante da casa. Depois de fluir para o banheiro, o gás contaminou o quarto.
O técnico Isaías Donizeti, gerente de uma empresa de aquecedores, disse que, em casas térreas como a mansão do banqueiro, o sistema de aquecimento deve ser instalado em ambiente externo ou, se não for possível, com aberturas permanentes para evitar que haja acúmulo do gás em caso de vazamento. “Isso vale tanto para o gás que abastece o sistema, quanto para o que resulta da queima.” Ele explicou que a queima do gás é utilizada para aquecer a água que circula por serpentinas no interior das caldeiras.
Segundo o técnico, esse tipo de aquecimento exige uma estrutura de canos para a distribuir a água aquecida. “O encanamento geralmente é embutido, mas o duto de exaustão deve ficar aparente, justamente para facilitar a manutenção, que deve ser feita ao menos uma vez por ano. O que tem acontecido é que esse prazo não é respeitado”, afirma.
Donizeti que toda a instalação que envolve o uso de gás para aquecimento precisa ter a planta aprovada e a instalação acompanhada por um responsável técnico. Também já há no mercado, segundo ele, sensores que identificam o monóxido no ambiente e disparam um alarme.
A intoxicação moderada ou grave por monóxido de carbono causa falta de discernimento, confusão, inconsciência, convulsões, dor no peito, falta de ar, pressão arterial baixa e coma. Sob estes efeitos, a maior parte das vítimas não consegue se mover e precisa ser socorrida. Como a causa dos sintomas dificilmente é identificada, alguém com intoxicação pode dormir e continuar a respirar monóxido de carbono até que ocorra envenenamento grave ou morte, como aconteceu com o casal.
Agência Estado