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A África é o mercado do futuro, por Igor Macedo de Lucena

Articulista do Focus, Igor Macedo de Lucena é economista e empresário. Professor do curso de Ciências Econômicas da UniFanor Wyden; Fellow Associate of the Chatham House – the Royal Institute of International Affairs  e Membre Associé du IFRI – Institut Français des Relations Internationales.

A África é um dos mercados de consumo que mais cresce no mundo. Lá o consumo das famílias aumentou rapidamente o Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos, e esse crescimento anual médio do PIB superou consistentemente a média global. À luz da crescente afluência, do crescimento populacional, das taxas de urbanização, da rápida disseminação do acesso à Internet e aos telefones celulares no continente, as economias emergentes da África apresentam oportunidades estimulantes de expansão no varejo e na distribuição de bens e serviços.
De fato, os gastos do consumidor no continente cresceram a uma taxa anual de 3,9% desde 2010 e alcançaram um volume de US$ 1,4 trilhão em 2015. Estima-se que esse número atinja US$ 2,1 trilhões até 2025 e US$ 2,5 trilhões até 2030. Também em 2030, se a Área de Livre Comércio Continental (CFTA) estiver devidamente implementada, um único mercado continental de bens e serviços estará operacional, oferecendo às empresas diferentes pontos de entrada no continente e um mercado potencial de 1,7 bilhão de pessoa.
Estudos mostraram que os consumidores africanos são experientes e leais as marca. Os fornecedores locais são empreendedores e apresentam ativos importantes para as cadeias de distribuição. Ao mesmo tempo, a grande maioria dos gastos dos consumidores no continente ocorre atualmente em mercados informais, mesmo nos países com os mercados de varejo e distribuição mais bem desenvolvidos. Essa desconexão sinaliza um enorme potencial de crescimento à medida que os consumidores africanos mudarem do informal para formas mais formais de consumo – incluindo shopping centers, supermercados e até mesmo comércio eletrônico – um processo que já está em andamento em todos os países, com exceção dos países mais frágeis e subdesenvolvidos.
Até 2030, os maiores mercados consumidores incluirão Nigéria, Egito e África do Sul. Haverá também oportunidades lucrativas na Argélia, Angola, Etiópia, Gana, Quênia, Marrocos, Sudão, Tunísia e Tanzânia, entre outros países africanos. Por exemplo, a Etiópia foi considerada uma das economias que mais crescem no mundo ao longo da última década, com uma taxa de crescimento anual média do PIB de 10,5% entre 2005-06 e 2015-16. Além disso, com uma das maiores taxas de poupança do continente, sua economia reflete um sentimento mais estável e seguro do consumidor.
Não é à toa que a estratégia chinesa Belt and Road initiative foca bastante na África como fonte de recursos naturais e mercados consumidores. Hoje já existe um pensamento em parte das sociedades africanas que aprender mandarim é mais útil do que inglês devido ao nível de relações econômicas em desenvolvimento.
Os países europeus que anteriormente eram colonizadores do continente africano (Reino Unido, França, Bélgica e Portugal) hoje enxergam oportunidades cada vez maiores para investimentos, bem como vender seus produtos para uma nova classe média ascendente.
Aqui no Ceará não podemos deixar de enxergar as oportunidades no continente africano pois participamos de um grupo importante de países de língua portuguesas, a CPLP e estamos territorialmente há cerca de 5 horas de voo da África e isso é um importante aspecto para desenvolvermos novas oportunidades para as empresas do Ceará e do Nordeste.

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